Um bilhão de dólares de capital de risco será investido em tecnologia de defesa europeia em 2024, uma novidade para o continente e um aumento de cinco vezes desde 2018. O investimento é resultado tanto da crescente agitação geopolítica quanto da invasão brutal da Ucrânia pela Rússia.
Os dados, contidos em um novo relatório do Dealroom, mostram que o investimento de capital de risco em tecnologia relacionada à defesa está superando qualquer outro tipo de investimento em todos os estados-membros da OTAN e seus aliados em 25%, totalizando US$ 3 bilhões desde 2018.
A maior parte do investimento no espaço desde então foi capturada por startups na Alemanha, Reino Unido e França, que coletivamente representaram 87%, ou US$ 2,2 bilhões. As empresas alemãs de tecnologia de defesa, sozinhas, levantaram mais nos últimos seis anos do que aquelas nos países nórdicos, Holanda, Suíça e Reino Unido juntas. A notícia pode ser uma surpresa para alguns observadores, dada a cautela que o governo alemão demonstrou sobre o envio de armas para a Ucrânia.
Grande parte desse investimento foi em empresas sediadas em Munique, que liderou a lista de cidades europeias no relatório. Mas a maior parte disso pode ser atribuída aos US$ 487 milhões arrecadados pela startup de “IA de campo de batalha” Helsing em 2024.
Bristol e o “Sudoeste do Silício” do Reino Unido — mais conhecido por suas indústrias de defesa e espacial — arrecadaram as maiores quantias em investimentos em defesa, seguidos por Paris.
De fato, o Reino Unido, que tem uma grande indústria de defesa, abriga seis das 10 principais cidades europeias para investimentos em tecnologia de defesa no relatório — Londres (4ª), Reading (5ª), Oxford (6ª), Leeds (8ª) e Cambridge (9ª).
O relatório também detalha como o investimento de capital de risco em tecnologia de defesa nos países da OTAN quadruplicou nos últimos 6 anos, atingindo quase US$ 5,9 bilhões, elevando o total arrecadado por startups de defesa nos países da OTAN e seus aliados para US$ 18 bilhões.
Além disso, o relatório contou 370 startups de tecnologia de defesa apoiadas por VC em países da OTAN, que têm um valor empresarial combinado de US$ 161 bilhões. E a tecnologia de defesa compreende 1,8% do financiamento de VC europeu, um número que triplicou desde 2022.
Apesar do crescimento da Europa, os EUA continuam sendo a força dominante no setor de tecnologia de defesa, com empresas americanas de tecnologia de defesa atraindo 83% dos investimentos de capital de risco.
E embora mais da metade do financiamento de capital de risco para startups europeias de tecnologia de defesa tenha vindo de investidores do continente, este ano houve uma aceleração acentuada no financiamento de investidores dos EUA, que forneceram 66% do capital para empresas europeias de tecnologia de defesa.
O relatório State of Defence Investment 2024: Resilience Builders in Nato & Europe, publicado na Resilience Conference, também descreveu como as tecnologias de uso duplo, que podem ser aplicadas tanto para fins civis quanto militares, têm visto um aumento acentuado no interesse dos investidores.
Jeannette zu Fürstenberg, diretora administrativa e chefe da Europa na General Catalyst, disse em uma declaração: “Ao alavancar o poder da IA, podemos não apenas aprimorar nossas capacidades de defesa, mas também desenvolver tecnologias de uso duplo com aplicações mais amplas para infraestrutura nacional crítica. Como investidores, somos movidos pela missão de proteger democracias e construir infraestrutura resiliente.”